domingo, 29 de maio de 2011

Rodrigo e os Futuros Imperfeitos

Não é todo dia que você se depara com o que pode ser o seu futuro.
Nesse último sábado, eu estava numa sala com dezenas de possibilidades.



Cambaleando pelas bancadas, apoiados nas colunas. De casacos de veludo, de camisetas regatas finíssimas naquele frio.
Beijavam como se fosse a última noite de vida, ou se tentassem sugar algo além da saliva daquela diferença temporal entre os dois corpos envolvidos.
Iam embora cedo, sozinhos ou acompanhados - estes ostentando como troféus a companhia novata que ia durar até por volta do fim da manhã.
Exibiam os seus corpos dos outros a quem quisesse ver (e a quem não quisesse também), de forma agressiva e impactante.

Além destes, tinha o oposto também. Os que iam sozinhos e ficavam estrategicamente vulneráveis a qualquer - sim, qualquer - espécie de ataque.
Só a idéia de entender a linha de raciocínio deles já me assusta.
Seus corpos pequenos, com pedaços da pele sobressaindo aqui e ali brilhavam feito ouro no meio daquele metal enferrujado.



Essa disputa entre esses dois polos falava - gritava - mais alto que a própria música do salão.
Teve uma hora que aquilo tudo realmente me assustou, então eu sai de perto. Seria a máxima de que a verdade dói? Ou, nesse caso, o futuro é que machuca.

Depois disso tudo me restam perguntas a ecoar na minha mente, sem resposta:
O que me separa de todos eles? Existe um limite de tempo até que se transforme em um ou no outro?

O que conforta um pouco é que eles não são regra. E que "o universo está cheio de estrelas, e nada lá fora é igual."

sábado, 28 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Eu ainda continuo naquele ônibus na volta de Campo Grande

Eu ainda vivo naquele ônibus na longa volta de Campo Grande
Onde fazia um frio desgraçado e eu estava de bermuda
Você usava a minha camisa vermelha que nunca mais tive coragem de vestir

Ainda vivo sentado na última fileira de assentos,
onde te via ajoelhado nos bancos da frente olhando pra mim
e meus olhos iluminavam a Avenida Brasil inteira aquela hora da noite

Eu continuo sentado lá
ouvindo você falar
que sente ciúmes de mim com a Monique, com o pessoal da Ilha, com todo mundo.

Fico com as costas apoiadas no encosto macio do banco do ônibus
tirando um pelo branco do seu rosto e sorrindo porque
você "acha bonitinho demais eu me preocupar com o que tem no seu rosto"

Quando na verdade eu fico sentado aqui, no meu quarto
olhando pra essas peças e tentando encaixá-las
sem nenhum sucesso