Eu ainda vivo naquele ônibus na longa volta de Campo Grande
Onde fazia um frio desgraçado e eu estava de bermuda
Você usava a minha camisa vermelha que nunca mais tive coragem de vestir
Ainda vivo sentado na última fileira de assentos,
onde te via ajoelhado nos bancos da frente olhando pra mim
e meus olhos iluminavam a Avenida Brasil inteira aquela hora da noite
Eu continuo sentado lá
ouvindo você falar
que sente ciúmes de mim com a Monique, com o pessoal da Ilha, com todo mundo.
Fico com as costas apoiadas no encosto macio do banco do ônibus
tirando um pelo branco do seu rosto e sorrindo porque
você "acha bonitinho demais eu me preocupar com o que tem no seu rosto"
Quando na verdade eu fico sentado aqui, no meu quarto
olhando pra essas peças e tentando encaixá-las
sem nenhum sucesso
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